sábado, 22 de outubro de 2016

VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE AS GEOGRAFIAS DA VIOLÊNCIA E DO MEDO: 

Pelo resgate da civilidade



 RECIFE-PE, de 05 a 10 de dezembro de 2016 


Faixa de Gaza, denominação a uma rua bastante violenta na Baixada Fluminense; estradas perigosas, alertas estampados em guias rodoviários; terras de ninguém, denominação popular a territórios sem Estado; lugares de almas sebosas, para espaços dominados por agentes das economias subterrâneas.
Não é incomum nos depararmos com diálogos de pessoas, de todos os segmentos sociais, que utilizam essas expressões para denominar espaços geográficos hoje tomados por uma violência crescente e indutora de um medo descomunal. Dados estatísticos vêm reforçar este panorama, pois segundo o Jornal a Folha de São Paulo do dia 04 de abril, ao comemorar os 25 anos do Datafolha, seu suporte de levantamentos estatísticos, diferentemente da sua 1a edição, onde o temor do desemprego ocupava o topo das preocupações dos paulistanos, hoje o medo da violência assumiu de longe a dianteira.

Em pesquisas de outros Estados e Capitais, o mesmo panorama vem se repetindo, fato bem aproveitado por todos os veículos de comunicação, aliás, um grande veio comercial bem explorado nessa cultura do espetáculo que se firma e se afirma por intermédio do hiper-realismo das tragédias. Paralelamente à ascensão desses territórios de incivilidade, de intolerância, o que também mais se propala é o crescimento vertiginoso e sólido de nossa economia (muito embora os impasses vividos no tempo presente), frente à expansão incomensurável da economia global, a reboque de uma sociedade em rede pautada no meio técnico-científico-informacional (Santos,1996).

Considerando o Brasil, é esse quadro de barbárie que induz ao medo expresso no aquartelamento civil generalizado da população nas suas residências, verdadeiras prisões fora dos presídios e estrutura sólida para uma morfologia urbana do medo, base para a indústria pública e privada da vigilância e segurança como um fenômeno social natural. Segundo divulgados pelo IPEA, em 2016, no ano de 2014 morreram quase 60.000 pessoas de mortes letais. Esse novo panorama geográfico merece ser estudado com mais acuidade.

Nesse sentido, O objetivo central do evento, ora proposto, tem como objetivo geral, considerando o medo sólido e seus derivados, decorrentes dos embates dos diversos atores sintagmáticos produtores de território, por intermédio de todos os tipos de trabalho como energia informada, destacar quantitativamente e qualitativamente as diversas morfologias urbanas e rurais do medo, bem como apontar soluções, considerando os inúmeros trabalhos hoje produzidos sobre esse fenômeno, tanto no Brasil, quanto na América Latina e alhures. Inegavelmente o medo está nas entranhas, nas essências e aparências do nosso mundo moderno.

Espera-se que a realização do VI Simpósio sobre as Geografias da Violência e do Medo venha a contribuir para a consolidação do Grupo de Pesquisas sobre a temática ora existente no PPGEO/UFPE, bem como permita oferecer um suporte mais amplo à interlocução deste grupo de trabalho com seus congêneres nacionais e internacionais. Há que se ressaltar que desde o primeiro Simpósio realizado em 2007 já se vislumbra a formação de um fórum de debates sobre o tema, tanto na escala local quando nacional, centrado no PPGEO/UFPE, o que lhe garante uma vanguarda e distinção no campo de estudos das novas territorialidades vinculadas à violência.