VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE AS GEOGRAFIAS DA VIOLÊNCIA E DO MEDO:
Pelo resgate da civilidade
RECIFE-PE, de 05 a 10 de dezembro de 2016
Faixa de Gaza,
denominação a uma rua bastante violenta na Baixada Fluminense; estradas perigosas,
alertas estampados em guias rodoviários; terras de ninguém, denominação popular
a territórios sem Estado; lugares de almas sebosas, para espaços dominados por agentes
das economias subterrâneas.
Não é incomum
nos depararmos com diálogos de pessoas, de todos os segmentos sociais, que
utilizam essas expressões para denominar espaços geográficos hoje tomados por
uma violência crescente e indutora de um medo descomunal. Dados estatísticos vêm
reforçar este panorama, pois segundo o Jornal a Folha de São Paulo do dia 04 de
abril, ao comemorar os 25 anos do Datafolha, seu suporte de levantamentos estatísticos,
diferentemente da sua 1a edição, onde o temor do desemprego ocupava o topo das
preocupações dos paulistanos, hoje o medo da violência assumiu de longe a
dianteira.
Em pesquisas de
outros Estados e Capitais, o mesmo panorama vem se repetindo, fato bem
aproveitado por todos os veículos de comunicação, aliás, um grande veio
comercial bem explorado nessa cultura do espetáculo que se firma e se afirma
por intermédio do hiper-realismo das tragédias. Paralelamente à ascensão desses
territórios de incivilidade, de intolerância, o que também mais se propala é o
crescimento vertiginoso e sólido de nossa economia (muito embora os impasses
vividos no tempo presente), frente à expansão incomensurável da economia
global, a reboque de uma sociedade em rede pautada no meio técnico-científico-informacional
(Santos,1996).
Considerando o
Brasil, é esse quadro de barbárie que induz ao medo expresso no aquartelamento
civil generalizado da população nas suas residências, verdadeiras prisões fora
dos presídios e estrutura sólida para uma morfologia urbana do medo, base para
a indústria pública e privada da vigilância e segurança como um fenômeno social
natural. Segundo divulgados pelo IPEA, em 2016, no ano de 2014 morreram quase
60.000 pessoas de mortes letais. Esse novo panorama geográfico merece ser
estudado com mais acuidade.
Nesse sentido, O
objetivo central do evento, ora proposto, tem como objetivo geral, considerando
o medo sólido e seus derivados, decorrentes dos embates dos diversos atores
sintagmáticos produtores de território, por intermédio de todos os tipos de
trabalho como energia informada, destacar quantitativamente e qualitativamente
as diversas morfologias urbanas e rurais do medo, bem como apontar soluções,
considerando os inúmeros trabalhos hoje produzidos sobre esse fenômeno, tanto
no Brasil, quanto na América Latina e alhures. Inegavelmente o medo está nas
entranhas, nas essências e aparências do nosso mundo moderno.
Espera-se que a
realização do VI Simpósio sobre as Geografias da Violência e do Medo venha a
contribuir para a consolidação do Grupo de Pesquisas sobre a temática ora existente
no PPGEO/UFPE, bem como permita oferecer um suporte mais amplo à interlocução
deste grupo de trabalho com seus congêneres nacionais e internacionais. Há que
se ressaltar que desde o primeiro Simpósio realizado em 2007 já se vislumbra a formação
de um fórum de debates sobre o tema, tanto na escala local quando nacional, centrado
no PPGEO/UFPE, o que lhe garante uma vanguarda e distinção no campo de estudos
das novas territorialidades vinculadas à violência.